"Ainda quero voltar a competir" - Gabs e Sofia Espanha - RBCC 2022

Escrito por Marcelo Bensabath Writer
Atualizado emDecember 20, 2022 at 04:20PM
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Durante a Grande Final do Red Bull Campus Clutch, tivemos a oportunidade de conversar com as streamers da FURIA Gabs e Sofia Espanha, que participaram de um showmatch com as jogadoras da G2 Gozen. A partida contou com Rounds Aleatórios, todos de Sova, todos de Jett, rounds Faca, rounds de Shotgun, entre outros.

Antes do início da partida, uma outra surpresa foi o anuncio ao vivo de que Gabs seria a mais nova Atleta RedBull! Aproveitamos para perguntar como ela estava se sentindo após tudo isso e também queriámos saber das duas como foi a experiência de jogar em LAN lado a lado com as meninas da G2.

Gabs

THESPIKE: Sobre essa novidade, de que agora você faz parte do time de atletas da Red Bull, como foi essa notícia pra você? Você já esperava ou foi completamente uma surpresa? Como você está se sentindo?

Eu já tinha uma convivência com a Red Bull. Eu já conheci a galera bastante assim, eu já estava me sentindo bem próximo deles, como se fosse uma família mesmo. Só que eu não fazia ideia que ia acontecer isso hoje no palco ao vivo, nada no quando eu escutei, eu já falei, não é possível aí, já comecei a querer chorar, começaram a fazer uma pergunta inglês, já fiquei “Meu Deus”, aí comecei a jogar o showmatch a Kah ficava olhando para mim e falava assim: “Se chorar, eu choro.” E eu falei “Então não olha!”, e nos primeiros 4 rounds da partida do showmatch eu tava me recompondo mesmo pra tirar um pouco o foco disso, eu não quero tirar o foco, né? Mas na hora do jogo, para não ficar chorando, eu não fazia ideia, principalmente que ia ser aqui, que ia ser ao vivo.

THESPIKE: Você já jogou profissionalmente antes. Eu gostaria de saber como foi a sensação, de depois da sua aposentadoria, poder voltar novamente a um palco e jogar lado a lado com as meninas, mesmo que numa partida rápida de showmatch?

Eu sinto muita falta de jogar, principalmente de estar no palco jogando. A sensação de você estar no palco e de ter plateia gritando. Eu acho que é o que o jogador mais gosta, essa pressão, essa sensação. Então eu sinto muita falta, principalmente subindo no palco e jogando showmatch. Por exemplo, eu joguei contra a “mimi” da G2 eu já conhecia ela a muito tempo no CS e nunca tinha visto ela pessoalmente, e ela é uma atleta da Red Bull. Jogando com a Kah do meu lado mesmo no showmatch eu já comecei a sentir falta de novo, eu sinto muita falta de jogar de verdade, eu acho que quando você vira jogador mesmo, quando você sente a sensação de estar “em campo” é difícil você esquecer. Eu sinto muita falta mesmo, de verdade.

THESPIKE: Você citou as meninas da G2, nos esports em geral, o cenário feminino foi negligenciado por muito tempo, agora recentemente a Riot fez o Game Changers, que foi um marco muito grande. Você acha que ainda falta muito para o cenário feminino ser realmente valorizado, ou que estamos no caminho para que isso aconteça?

Então, eu jogava CSGO profissionalmente e eu vim crescendo com ele. Eu era pioneira, sabe? Eu jogava desde meus 8 anos de idade, então eu fui desde a época que não tinha nada, que não tinha cenário feminino. Quando começou a ter, começou a ter um mais básico, um campeonato mundial a cada x anos, então eu fui crescendo junto. Salário aumentando, patrocínios aumentando, visibilidade. Esse tipo de coisa. E hoje em dia o CS atingiu um ponto muito bom e legal, só que o Valorant que chegou faz 2 anos, 3 anos no máximo e já chegou com um cenário feminino. A Riot dá muito suporte, você consegue ter acesso ao calendário do ano da Riot, coisa que o CS não tem e também não tem tanto suporte para mulher desde sempre, é uma coisa mais enraizada, então para mudar isso? Foi mudando aos poucos ele tipo assim, passos de crianças, mas eu acho ainda que não vai chegar ao ponto que a Riot valoriza o Valorant, porque é o pai, valorizando o filho, digamos assim. E a Valve não valoriza o CS direito como um todo todo imagina o feminino, sabe? Então eu acho que eu acho que existe um mundo em que o Valorant vai ter um cenário feminino maior que o do CS, já é na verdade, e só tende a melhorar.

THESPIKE: Em relação ao Valorant, você tem a vontade de competir profissionalmente? E você acha que o competitivo do jogo traria muito mais frutos para sua carreira?

Sim, eu tenho vontade de voltar a jogar profissionalmente e já respondi uma vez sobre assim, você pretende voltar? Aí eu falei, provavelmente sim, mas não me vejo voltando ao CS jogando profissionalmente. Se eu voltar, vai, sei lá, 6 meses, mas eu não consigo mais. Eu já joguei por muito tempo, mas eu tenho vontade de jogar profissionalmente o Valorant. Então talvez eu volte um dia no Valorant. Só que como eu sou crua, ainda não me sinto boa, eu não consigo voltar pra pegar um top 10, pelo menos top 5, porque também ninguém chega ganhando, né? Mas, pelo menos no top 5, pegar um time que vai dar o sangue que vai jogar direito Não consigo jogar por jogar mais, sabe? Ou joga pra jogar direito ou não joga.

Sofia no Palco RBCC - Cortesia: Red Bull
Sofia no Palco RBCC - Cortesia: Red Bull

Sofia Espanha

THESPIKE: Você tem se destacado muito nas ranqueadas (contém ironia) e você teve agora a sua oportunidade de jogar num palco. Eu queria perguntar, por que você nunca se interessou em entrar no competitivo? Você acha que o Brasil não está preparado ainda para sua estreia no competitivo?

Então eu trabalho atualmente, como streamer, mais nessa parte de criação de conteúdo, e eu realmente não acredito que eu tenha tanta capacidade. É mais falta, tipo assim, de auto estima, né? Pra entrar num cenário competitivo. Mas quem sabe, se eu acreditar um pouco mais em mim, ou se eu melhorar no meu desempenho? Assim, quem sabe eu não entro no cenário competitivo mais tarde?

THESPIKE: Como foi jogar com as meninas da G2? Não foi uma partida totalmente séria, mas deu pra aproveitar bem?

Eu acompanhei as meninas da G2, elas participaram de um de um torneio recentemente, eu tive a oportunidade de assistir e eu acho que elas têm um desempenho incrível no competitivo. Eu tenho muito a meta assim de chegar, quem sabe um dia, aos pés da menina que estava jogando hoje com a gente e acho muito legal também delas terem a oportunidade de vir aqui para o Brasil, sabe? Participar de todo esse evento da Red Bull, que nossa está com uma estrutura impecável, sabe? Tava tá muito legal e ter conhecido elas também. Foi uma oportunidade muito legal, porque eu acho que elas representam muito bem o cenário feminino atualmente, e que cada vez mais elas consigam trazer mais campeonatos e representar ainda mais as mulheres no esport.

THESPIKE: Como foi a experiência de jogar em LAN com as meninas? Obviamente, foi uma partida rapidinha, mas você gostou? Como foi pra você?

Foi muito bom. A parte mais dificil realmente foi a comunicação, né? Porque elas só falavam em inglês e o meu inglês não é tão afiado. Então a gente teve essa “breca” aí na comunicação mas tirando isso, foi uma partida muito legal. Foi muito divertido. Claro, não foi uma partida séria, foi uma partida mais pela diversão, mas de qualquer forma foi incrível para mim a experiência, gostei muito.

Queria ter oportunidade, depois jogar uma partida séria com elas, sem essa de jogar “Round Faca”, jogar uma partida normalzinha para ver como é que seria.

THESPIKE: Como foi a sua história com o Valorant? Você sempre gostou ou descobriu recentemente, como é a sua relação com o jogo?

O Valorant foi o meu primeiro FPS competitivo. Eu não cheguei a jogar nenhum outro FPS e comecei no Valorant desde o beta, um mês depois do lançamento do beta eu já estava jogando. Então hoje em dia eu já tenho um ELO um pouquinho maior e tal, mas ainda assim continua sendo o meu primeiro FPS. É o jogo que eu mais gosto de fazer stream, mais gosto de jogar e, quem sabe depois, aprender com outros competitivos.

THESPIKE: Você mencionou que assistiu ao Game Changers, eu gostaria de saber como foi para você, assistir um campeonato tão bem feito e bem organizado como este foi, com equipes femininas. Qual é o seu sentimento, como mulher, de poder ser representada em eventos como esses?

Eu acho que a Riot é uma das empresas que mais se preocupam com representatividade, é uma empresa parceira minha e eu acredito que eles têm muitos projetos assim na frente para poder cada vez mais incluir as mulheres no cenário competitivo do Valorant. Então, ter visto que isso já está acontecendo, é uma coisa muito bonita. É muito legal de acompanhar e eu espero que daqui pra frente as coisas só progridam cada vez mais, que a Riot continue sendo essa empresa que se preocupa em trazer torneios femininos, se preocupa em trazer representatividade e se continuar assim, vai ser muito bom e as mulheres vão conseguir cada vez mais se sentir incluídas dentro desse cenário que é tão majoritariamente masculino.

Essa entrevista foi editada a fim de manter a clareza

Ele passou por todos os estágios de sua carreira nos esportes eletrônicos: jogador, técnico, gerente, negócios e muito mais. Jogou CS:GO e Overwatch de forma competitiva durante sua adolescência e teve a oportunidade de treinar várias equipes amadoras e profissionais de MOBA. Ele teve a oportunidade de contribuir com seus dois centavos para algumas equipes, como MVP, LOS e DragonX, e trabalhou com várias empresas de jogos, incluindo algumas bem conhecidas, como Level Up! e Epic Games. Atualmente, ele está estudando para fazer mestrado em Relações Internacionais em Kyoto, no Japão. "Tempo integral nos esportes eletrônicos desde que a Luminosity ganhou o Major"

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